quarta-feira, junho 09, 2010
Doentio.
Olhos cerrados e destes mesmos, escorriam gotas de lágrimas, em si, salgadas. Toda a escultura corporal estava encaixada perfeitamente no desenho do colchão da cama úmida e com mal cheiro. Os lábios se entreabriram, como um murmúro, porém não se escutou voz... Nem gemido, nem ruído... Abria os olhos lentamente e não enchergava, pois o quarto era possuído pela escuridão de todos os dias de tua vida... Assim como todos os dias de tua vida... Uma das mãos se mexia, ela dedilhou lentamente o próprio corpo até chegar aos cabelos, onde deslizou os dedos ali e os puxava lentamente e, talvez propositalmente, arrancava os próprios fios de cabelo... Com facilidade... Qualquer outra pessoa se desesperaria em estar em um quarto sem luz, mas ela não se mexia. Movimentos uma vez ou outra mas nada perturbador. Estava acostumada com a solidão e a ignorância do próprio vácuo? Não... Mas tinha medo... Acabara de sonhar e não era um pesadelo... E sim sonhos bons, positivos... Porém... Na mente tão suja e corroída pelo câncer, jamais poderia alcançar realmente o que havia sonhado... O que havia sonhado? Liberdade...
Felicidade.
Pode existir algum dia ou momento da tua vida que pense que podes definir o que é felicidade... Mas não, isso não existe. Felicidade é um sentimento de prazer que é momentâneo, por vezes contínuo e por vezes passageiro, rapidamente...